terça-feira, 3 de julho de 2012

REVISTA EDUCAÇÃO - MATÉRIA PREMIO PROFESSOR RUBENS MURILLO MARQUES

Olá pessoal, boa noite!
Segue abaixo Prêmio a professores de licenciatura (estimule os colegas).
Para este ano as inscrições vão até 15 de agosto. Ver site da FCC: http://www.fcc.org.br/institucional/2012/03/27/premio-professor-rubens-murillo-marques-2/

 http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/noticias/a-vez-de-quem-ensina-a-ensinar-260096-1.asp   
 
EDIÇÃO 181 Maio 2012
Licenciatura apreciada
A vez de quem ensina a ensinar
A fim de valorizar os formadores de docentes, Fundação Carlos Chagas abre inscrições para prêmio dedicado a professores de licenciaturas e seus projetos; autores de estudos em química e em música laureados em 2011 contam suas experiências Deborah Ouchana.
Em 2008, uma pesquisa da Fundação Carlos Chagas (FCC) sobre os cursos de licenciatura apontou que as disciplinas voltadas à discussão da prática em sala de aula e às didáticas específicas representam, na maioria dos casos, apenas 30% da carga horária dessas graduações. Além disso, o formador de professores nem sempre recebe o apoio necessário para realizar seu trabalho, concluiu outro conjunto de estudos da FCC, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a Fundação Victor Civita e o Ministério da educação (MEC). "Nós temos, inclusive, do ponto de vista social, prêmios para professores da educação básica e gestores, mas ninguém se lembra do formador", aponta Bernadete Gatti, pesquisadora da FCC. Por esse motivo e com a intenção de valorizar e estimular esse profissional, a instituição criou, em 2011, o Prêmio Professor Rubens Murillo Marques para destacar os docentes que também são autores de projetos inovadores. A iniciativa chega agora ao seu segundo ano.Idealizadora do prêmio, Bernadete ressalta que é comum as instituições valorizarem apenas a formação da disciplina, deixando de lado o desenvolvimento pedagógico. "Na tradição das universidades, a nossa preocupação foi sempre muito bacharelesca. A discussão sobre a formação dos professores começa pela primeira vez a despontar com força no Brasil", pondera. As inscrições para a segunda edição do prêmio vão até o dia 15 de agosto e são aceitos trabalhos concluídos entre 2011 e junho de 2012. Até três projetos poderão ser contemplados com um prêmio de R$ 30 mil, além de diploma, troféu e publicação da pesquisa na coleção Textos FCC e no site da Fundação. "Com essas premiações, achamos que podemos contribuir para lembrar que o professor não nasce feito. Ele tem de ser formado e isso demanda bons professores que o formem", completa. Na edição de 2011, os vencedores foram os professores Bruno Monteiro, da Universidade Federal de Lavras, e Marli Batista Ávila, da Universidade Anhembi Morumbi. Conheça abaixo os trabalhos desenvolvidos por eles nos cursos de licenciatura em química e em música e que foram incorporados às graduações das quais fazem parte.
Questões de harmoniaQuando foi sancionada em 2008 a lei que torna o ensino de música obrigatório nas escolas, o parágrafo que definia uma formação específica para os docentes da disciplina foi vetado. A justificativa? Seria difícil estabelecer a formação mínima necessária para lecionar música. Além disso, argumentou-se que a música é uma prática social enraizada na cultura brasileira, tanto que muitos profissionais sem formação formal são reconhecidos nacional e internacionalmente e, se houvesse uma exigência, estes seriam impossibilitados de dar aulas.

Professora Marli Ávila: aposta na formação docente em música para a escola formal
"É comum citarmos um jargão, afirmando que o brasileiro é um povo muito musical. Isso não é, porém, o que se constata nas salas de aula", discorda a professora Marli Batista Ávila, coordenadora dos cursos de produção musical e licenciatura e bacharelado em música brasileira da Universidade Anhembi Morumbi. Ela aponta alguns problemas encontrados nas aulas de música, como falhas na coordenação rítmica, na percepção de alturas sonoras e na afinação, que é quase sempre precária. Durante os anos em que deu aulas em diferentes níveis e redes de ensino, Marli percebeu que um dos motivos dessa ineficiência era a falta de direcionamento de muitos colegas na hora de ensinar os alunos, justamente porque eles eram apenas músicos, e não professores. Pensando na importância da formação pedagógica, ela elaborou um componente curricular para a formação docente em música para a escola formal. Sua criação resultou no curso que coordena desde 2007. Com o projeto "Uma opção metodológica para o ensino da música na escola brasileira", Marli foi vencedora do Prêmio Rubens Murillo Marques 2011 para professores inovadores nas licenciaturas. O trabalho tem como base o eixo de disciplinas referentes à metodologia do ensino da música: Metodologia do Ensino da Música, Ensino da Música para Pessoas Especiais e Metodologia do Ensino da Música Instrumental. Em seu trabalho, Marli ressalta que a formação do professor de música deve ser atrelada à técnica e à aplicação da teoria musical, com embasamento em conceitos pedagógicos gerais e musicais. Para isso, ela lista algumas competências necessárias ao professor, como ser capaz de cantar e tocar um instrumento musical, conhecer metodologias de ensino, desenvolver sua própria metodologia com criatividade e capacidade de adaptação a diferentes contextos, saber dosar o conteúdo, selecionar um repertório básico para as diferentes faixas etárias, considerando regionalismos e outras variantes, além de desenvolver as capacidades de liderança e empatia para conduzir o aluno ao processo de ensino-aprendizagem e fazer do contato com a música um momento também de lazer. Além do núcleo de metodologias, o curso tem o apoio de outras disciplinas, como técnicas e habilidades, onde são trabalhadas improvisação, prática e regência instrumental e coral, brincadeiras sonoras, entre outros. Há também um eixo que aborda diferentes repertórios musicais dentro da música brasileira, além de fundamentos teóricos, contextualização histórica e ações interdisciplinares. Por fim, os procedimentos didáticos vistos em sala de aula são aplicados pelos alunos em seus estágios.A primeira turma do curso se formou no final de 2011. Marli aponta que pelo menos a metade dos alunos já chega com alguma experiência de sala de aula e comprova conhecimentos e habilidades musicais. "Em geral, a faixa etária é de alunos mais maduros, mas também temos jovens", conta. Um dado curioso, e até mesmo preocupante, é que alguns desses alunos apresentam pouca vivência musical. Além de problemas de afinação, a professora revela que o trabalho com o corpo também apresenta certas dificuldades quanto à coordenação rítmico-motora, que provavelmente não foi bem desenvolvida no período da educação infantil. A professora acrescenta que o prazo das escolas para adaptar seu currículo à lei que determina o ensino de música nas escolas terminou no começo do ano. "Como o ensino agora é obrigatório, a demanda por professores é grande", diz. Embora existam cursos de formação docente em música, eles são pouco habitados. A tendência é que a procura agora seja maior, mas, segundo Marli, haverá durante alguns anos um déficit de professores na área.
Além da sala de aula"Existem barreiras simbólicas e materiais que afastam os professores das redes sociais de pertencimento que circulam ao redor dos equipamentos culturais", afirma o sociólogo francês Pierri Bourdieu em seu livro A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Motivado por essa constatação e por seu interesse pela área da museologia, o professor Bruno Monteiro, do Departamento de Química da Universidade Federal de Lavras, criou uma nova disciplina para o curso de licenciatura em química, denominada Espaços não formais de educação em ciências, cujo principal objetivo é introduzir na formação dos professores a reflexão sobre o uso de espaços não formais no ensino de ciências, como museus, centros de ciências e centros tecnológicos.
 Professor Bruno Monteiro: o ensino de ciências em espaços não formais
Monteiro acredita que o distanciamento dos docentes desses ambientes deve-se à condição socioeconômica da maioria deles. "Esses espaços são sempre associados à alta cultura, por isso são encarados pelos professores como uma realidade distante", explica. Ele enxerga a disciplina como um desafio, já que grande parte dos alunos não teve acesso a esses bens culturais na sua própria convivência familiar. O professor aponta ainda a situação precária dos cursos de formação e sua desvalorização em relação a outros cursos como alguns dos fatores que tornaram a discussão do tema escassa no Brasil. Em sua pesquisa, Monteiro percebeu que a utilização dos espaços não formais pelas escolas é meramente ilustrativa e deixa de aproveitar os recursos oferecidos. Por outro lado, os centros de ciência assumiram a função educativa. Em 2008, ao final do 5° Congresso Mundial de Centros de Ciência, foi lançada a Declaração de Toronto. O documento ressalta a importância dos museus na promoção da alfabetização científica e atribui a eles o papel de motivar os alunos no processo de ensino-aprendizagem e capacitar professores a apresentar formas mais eficazes de ensinar ciências. Embora a intenção seja boa, Bruno argumenta que essa lógica está invertida. O professor é quem deve pensar o que é importante abordar e qual a melhor metodologia para ser usada. "Defendo que seja criado um canal real de diálogo entre as duas instituições para se pensar uma pauta comum de trabalho", afirma.A disciplina, ministrada no último semestre do curso, tem quatro etapas: na primeira, os alunos estudam artigos de referência sobre o tema; na segunda, eles são orientados a visitar museus e centros de ciência e produzir notas de campo, destacando sempre os aspectos que podem ser recursos pedagógicos; na terceira etapa, já mais voltada para o lado prático, são construídos planejamentos de ensino sobre temas livres constantes na grade curricular de química da educação básica que incluam a utilização de espaços não formais. Por fim, esses planejamentos são desenvolvidos durante o estágio dos alunos nas escolas da região.

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